PONTE QESWACHACA – A ÚLTIMA PONTE INKA

A arquitetura inca atingiu níveis de desenvolvimento que, ainda hoje, surpreendem o mundo inteiro. Uma amostra dessa engenhosidade ainda existe na região de Cusco. A três horas da cidade, na província de Canas, no distrito de Quehue, está localizada a ponte Q'eswachaka, declarada pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial, esta criação inca é utilizada para cruzar o rio Apurimac.

O material utilizado para esta ponte pênsil é o ichu, uma erva das zonas mais altas dos Andes. Todos os anos, os moradores das comunidades camponesas de Perccaro, Huinchiri, Ccollana e Qqewe reúnem-se para renovar a sua estrutura, dada a sua idade. A renovação da ponte envolve a realização de um ritual e de uma festa que dura cerca de quatro dias, começando com o pagamento ao Apu Quinsallallawi numa cerimónia ancestral.

Ritual da Ponte Qeswachaka

• No segundo domingo de junho, acontece na cidade de Quehue o festival de reconstrução da Ponte Qeswachaka .
• Graças a esta tradição de origem inca, a ponte suspensa Qeswachaka foi mantida. Este trabalho cooperativo é realizado pelas comunidades de Huinchiri, Chaupibanda, Ccollana, Quehue e Pelcaro .
• A renovação da ponte repete-se ano após ano. O festival dura 4 dias e envolve todos os homens e mulheres das localidades envolvidas.

Primeiro dia

• Na madrugada do primeiro dia o 'Paqo' (oficiante da cerimônia) celebra o rito em favor do 'Apu tutelar Quinsallallawi'. Por outro lado, o 'icchu' (palha) foi recolhido e empilhado antecipadamente pelos membros das 4 comunidades.
• As mulheres das comunidades participam activamente nestas actividades e têm o papel de tecer a primeira soguilla ou 'qheswa' .
• À tarde, os homens divididos em 2 grupos reúnem-se nas laterais das pontes e estendem os 'queswas' em linha reta ao longo da estrada.
• Finalmente as cordas são trançadas pelo 'Chakaruwac' (engenheiro Inca) para montar a 'Qheswasca' (trança principal).

Segundo dia

• No segundo dia são realizados trabalhos de desmontagem das antigas cordas que sustentam a ponte .
• Em seguida, procedemos à amarração das novas tranças que serão lançadas de um lado a outro da ponte para montagem.
• No total são trançadas 4 cordas grossas que servem de base e corrimão para a ponte. Os homens que realizam este trabalho têm uma vasta experiência e são respeitados pelo resto da comunidade.

Terceiro dia

• O terceiro dia continua com a montagem das grades e da base da ponte .
• Os homens devem concluir o trabalho com grande esforço (e risco). Segundo a tradição Inca, as mulheres não devem atravessar ou aparecer até que a ponte seja instalada. Isto se deve à crença de que as mulheres trazem azar.
• Após a instalação da ponte Qeswachaka Inca, a inauguração prossegue com música, danças típicas da região, deliciosos pratos típicos e bebidas alcoólicas.

Quarto dia

• No quarto dia (dia central), os chakuruwacs terminam de tecer a ponte, fixando as últimas fibras. Por fim, um grito anuncia o fim do árduo trabalho .
• No último dia é realizado um festival com danças típicas da região e venda de comidas típicas de Cusco.
• A ponte agora pode ser utilizada por turistas que vêm à cidade para viver a aventura de cruzar a Ponte Qeswachaka.